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  • Daniela Boyadjian

CRÍTICA: "RELATÓRIO SOBRE DITADURA E HOMOSSEXUALIDADE", COMISSÃO DA VERDADE

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo - Rubens Paiva, criada pela Resolução nº 879, de 10 de fevereiro de 2012, no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, é composta por dez deputados estaduais, sendo cinco membros efetivos e cinco membros substitutos. Foi a primeira comissão estadual idealizada para garantir o direito à verdade. Para isso, como diz no próprio documento, "investigar e discutir as complexas relações entre a ditadura militar e as “homossexualidades” no plural, como se dizia à época para dar conta de todas as formas de orientação sexual e identidade de gênero, foi uma contribuição fundamental para o aprofundamento democrático dado por esta Comissão."


O documento possui 25 páginas, que relatam com ricos detalhes as iniciativas que a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo tomou a respeito da resistência do movimento LGBT, que foi tema de sua 98º audiência pública. Nele, podemos ficar por dentro de como foi o evento, quem participou, e o que foi discutido. É possível nos inserirmos numa realidade de quem fazia parte do movimento LGBT na época da ditadura, pois o documento nos apresenta os trabalhos de diferentes pesquisadores, cujos assuntos confrontavam a ditadura e as homossexualidades do período ditatorial.


É importante reiterar que a audiência destacou pontos que não são tão lembrados quando o assunto é o regime militar. A Comissão da Verdade não desmerece outros grupos que foram afetados pela repressão, censura e violência, mas foi um intermédio para dar voz e visibilidade àqueles que sofreram apenas por serem quem eram. É curioso o modo como podemos comparar acontecimentos da época com acontecimentos atuais, como as perseguição a travestis, a censura à imprensa, ao teatro, às artes e a outras formas de expressão de sexualidade, entre tantos outros. É perceptível que a sociedade brasileira ainda sofre com esses resquícios deixados pela repressão militar.


Outro ponto positivo do documento, é o reconhecimento de movimentos que geraram organização de fóruns e de manifestações por parte da população LGBT na ditadura militar brasileira. Destaca-se a coragem e a luta que foi silenciada por muito tempo, já que a homossexualidade era vista como uma completa violação aos 'valores morais' instituídos no contexto da época. O documento não se encerra sem deixar claro que, apesar de não possuirmos mais a censura direta às formas de expressões de LGBTs nos dias de hoje, ainda falta muita visibilidade e modelos positivos na mídia para quebrar um estereótipo que ainda se firma sobre os homossexuais. Intensamente perseguidos na ditadura militar, ainda há perseguição até hoje - resistir, é o que nos resta.

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