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  • Daniela Boyadjian

CRÍTICA: MEMORIAL DA RESISTÊNCIA DE SÃO PAULO

Atualizado: 8 de mai. de 2019



Localizado no centro de São Paulo, próximo à estação de metrô e CPTM Luz, o Memorial da Resistência de São Paulo tem como proposta reviver o período mais obscuro que o Brasil já viveu. Inaugurado em 2002 sob nome de "Memorial da Liberdade", o local foi palco das maiores atrocidades praticadas na época da ditadura militar do país: nele, entre 1940 e 1983, funcionava o DEOPS-SP, Departamento Estadual de Ordem Política e Social. Era nesse tipo de instalação onde pessoas eram trazidas todos os dias, sofrendo todos os tipos de torturas e maus-tratos sob comando dos militares da época.


Gratuito e aberto todos os dias, exceto às terças, o Memorial não é muito grande, mas conta com repertório suficiente para fazer com que o visitante sinta tudo que foi vivido ali. Apesar da visita não ser paga, é preciso retirar um bilhete no balcão de entrada, ao lado de um café com vista para o estacionamento. Tendo-o em mãos, a primeira vista que temos ao adentrar o local é o primeiro Módulo, de quatro: ali, expõe-se uma cronologia de ocupação do atual Memorial desde a sua construção, até hoje e, de outro, um vídeo que conta a história e estrutura do Deops/SP.




Esse tipo de imersão é uma forma muito forte de criar uma empatia para aqueles que lutaram por seus direitos na instalação do DEOPS-SP. No segundo Módulo, por exemplo, somos apresentados a uma linha do tempo, contendo o contexto político em diversos eventos ocorridos no país que mostram noções, estratégias e fatos relativos ao controle, repressão e resistência não apenas na época da ditadura, mas também durante décadas no Brasil - como, por exemplo, a criação do AI-5, em 1968.



Após tomar conhecimento da linha do tempo, entra o Módulo 3: a reconstrução das celas, o corredor principal e o corredor de banho de sol. Neste espaço, podemos realmente fazer o mesmo caminho que os presos, além de contar com cartas legítimas escritas por alguns deles, expostas em um espaço escuro, com iluminação apenas dos artefatos.


No interior das celas, diversos recursos audiovisuais nos ajudam na imersão do cotidiano de quem ali era aprisionado. Na primeira, podemos tomar mais conhecimento de como foi o processo de construção do Memorial, desde sua idealização até a inauguração. Na segunda, uma homenagem aos mortos e desaparecidos pela ditadura, com um projetor exibindo um vídeo. Na terceira, há uma reconstituição geral das celas, com duas camas, varal com toalhas penduradas, uma pia ao fundo, e alguns nomes de sobreviventes gravados nas paredes. Já na quarta e última cela, áudios de ex-presos e testemunhas sobre seus tempos sombrios ali vividos.



Além da exposição permanente, no andar térreo, o Memorial também possui um espaço para exposições temporárias no 3º andar do edifício. No dia da visitação, 13 de abril de 2019, a exposição era sobre os direitos humanos.



A visita, em geral, é rápida e muito didática. Talvez falte um pouco mais de recursos que mostrem com maior realismo o que foi esse período ditatorial no Brasil. No entanto, a suavidade e as reconstruções, mesmo assim, te fazem sentir a dor, o caos e a luta que existiram (e resistiram) naquele local. Elas se instalam em você em forma de arrepios do começo ao fim da visita.


Como muitos outros memoriais pelo mundo que mostram cada detalhe ocorrido em tempos sombrios (o complexo Auschwitz-Birkenau, na Polônia, por exemplo), a história contada no Memorial da Resistência de São Paulo não chega a ser tão explícita ou chocante. No entanto, assim como uma das frases expostas por lá, não deixa de passar sua mensagem: lembrar é resistir.



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